Quadrinista argentina Patricia Breccia tem participação cancelada na CCXP, em SP, após postagem racista nas redes sociais

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Em post no Facebook, argentina chamou de ‘gorila obeso e marrom, daqueles que abundam no Congo urbano’ e ‘primata marrom’ um ladrão que havia roubado o celular dela na segunda-feira (20). A quadrinista argentina Patricia Breccia teve a participação cancelada na CCXP de 2023, em São Paulo.
Divulgação/CCXP
A Comic Con Experience (CCXP) – maior feira de cultura geek do Brasil – anunciou na terça-feira (21) o cancelamento da participação no evento de 2023 da quadrinista argentina Patricia Breccia, após ela publicar um post racista no Facebook.
No texto, Breccia chama de “gorila obeso e marrom, daqueles que abundam no Congo urbano” um ladrão que havia roubado o celular dela na segunda-feira (20).
“Olá a todos: um gorila obeso e marrom, daqueles que abundam no Congo urbano, acabou de me roubar o celular. (No coletivo) quero avisar meus contatos do Whatsapp que se receberem alguma mensagem minha agora, não sou eu. O WhatsApp estava aberto quando o primata marrom tirou de mim. Vocês percebem porque era urgente que Milei ganhasse?????”, escreveu Breccia.
Post racista da quadrinista Patrícia Breccia, da Argentina.
Reprodução
A postagem foi considerada racista, uma vez que a mulher se refere a um homem negro como “primata marrom” e levou a CCXP a anunciar o cancelamento da participação da quadrinista no evento que começa em São Paulo em 30 de novembro.
“A CCXP tem como valor inegociável o respeito à diversidade e a promoção da igualdade, em todos os seus variados aspectos, e preza por ser um lugar acolhedor para todos, todas e todes, não tolerando qualquer tipo de discriminação”, disse o evento.
“Com fundamento nos nossos valores e em comum acordo com a Editora Risco, decidimos por cancelar o convite anteriormente feito à Patrícia Breccia em função de suas declarações recentes, de forma que a referida artista não estará mais presente na CCXP23”, anunciou a entidade.
Postagem da CCXP anunciando o cancelamento da presença da quadrinista argentina no evento em SP.
Reprodução
A Editora Risco, que lançaria o livro de HQ da argentina no evento, chamado de ‘O Amante de Lady Frankenstein’, também repudiou as declarações da quadrinista.
“Hoje nos deparamos com declarações racistas feitas pela quadrinista Patricia Breccia em sua conta no Facebook. Repudiamos de forma veemente qualquer atitude ou fala que denote racismo. Em conjunto com a organização da @ccxpoficial, decidimos cancelar imediatamente a participação da artista no evento de lançamento da HQ O Amante de Lady Frankenstein. Reafirmamos nosso posicionamento enfático na Risco: repudiamos todo e qualquer tipo de racismo e preconceito. Agradecemos profundamente o apoio contínuo de vocês e reiteramos nosso compromisso com a inclusão e o respeito em nossa comunidade”, disse a editora.
Patricia Breccia é filha do lendário quadrinista Alberto Breccia. Ela não se pronunciou oficialmente sobre o cancelamento de sua participação no evento.
Comunicado da editora Risco sobre Patricia Breccia.
Reprodução
Racismo argentino no esporte
O post dela acontece num período em que vários argentinos tem sido acusados de racismo na relação com atletas brasileiros no esporte.
Em agosto, dois argentinos foram presos durante a partida entre São Paulo e San Lorenzo, pela Copa Sulamericana, justamente por atos racistas contra torcedores brasileiros.
Os dois casos aconteceram durante a partida no estádio do Morumbi, na Zona Sul da capital paulista. As duas equipes se enfrentaram pelo jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana.
Dirigente e torcedor argentino são presos por racismo contra a torcida do São Paulo
Reprodução/TV Globo
O torcedor David Emanuel foi flagrando arremessando uma banana e fazendo gestos racistas contra uma criança de 12 anos.
Ele foi retirado da arquibancada e levado para a delegacia.
O dirigente mostrou uma foto de macaco para torcedores e fez gestos racistas. Ele estava no camarote destinado a dirigentes do San Lorenzo.
Torcedor arremessou banana contra criança de 12 anos e fez gestos racistas
Reprodução/TV Globo
O delegado Cesar Saad disse que as prisões foram convertidas pela Justiça em preventiva e os dois foram encaminhados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) III de Pinheiros, na Zona Oeste.
Por conta da alteração na lei, o crime não admite pagamento de fiança. Ambos seguirão presos no Brasil.
Dirigente fez gestos racistas em camarote e também foi detido
Reprodução/TV Globo
Outros casos
Em julho, o preparador físico do time peruano Universitário, Sebastian Avellino Vargas, foi preso por fazer gestos racistas em um jogo do time contra o Corinthians, em Itaquera.
Preparador físico do time peruano Universitário, Sebastian Avellino Vargas
Reprodução
Semanas depois, porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo tornou Vargas réu por injúria e determinou a sua liberdade pelo crime não ter sido cometido com violência física ou grave ameaça e por considerar que ele possui bons antecedentes.
Segundo o juiz Antônio Maria Patiño Zorz, Vargas não representa “risco à paz e tranquilidade social” e diz que o fato aconteceu em uma partida de futebol “cujos ânimos aparentemente estavam aflorados”.

Fonte: G1 Entretenimento