‘Guerra Civil’ é espetáculo distópico urgente que provoca e incomoda por ser real demais; g1 já viu

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Wagner Moura estrela filme excelente sobre novo conflito interno fictício que divide os Estados Unidos em futuro próximo, que estreia nesta quinta-feira (18) no Brasil. Filmes distópicos têm – quase por definição – o objetivo de provocar e incomodar o público ao mostrar realidades alternativas em que o pior acontece com o mundo. Poucos têm tanto sucesso quanto “Guerra Civil”, que coloca o brasileiro Wagner Moura (“Tropa de Elite”) no meio de um novo grande conflito interno que divide os Estados Unidos.
A grande estreia desta quinta-feira (18) no Brasil une o ator com Kirsten Dunst (“Ataque dos cães”) e o diretor e roteirista Alex Garland (do excelente “Ex Machina” e do terrível “Aniquilação”) em um espetáculo urgente que exige ser visto nos cinemas – de preferência com o melhor sistema de som possível.
Tenso e ensurdecedor, “Guerra Civil” obriga o público a acompanhar as repercussões no mínimo desconfortáveis de um conflito fictício gerado por disputas reais até demais.
Com uma direção nervosa, uma fotografia objetiva porém sensível e atuações que vão da angústia à leveza com naturalidade, o filme se sacramenta como um dos melhores de 2024.
Assista ao trailer de ‘Guerra Civil’
Estados divididos
A trama acompanha um grupo de três jornalistas veteranos de conflitos e uma aspirante (Cailee Spaeny) durante uma viagem por um Estados Unidos dividido pela guerra civil do título, que se aproxima do seu provável fim.
A ideia é chegar à Casa Branca antes das forças insurgentes e realizar uma última entrevista com o presidente – mesmo com o risco de um governo que considera a imprensa o inimigo.
No caminho, registram parte dos confrontos pelos destroços do país, no qual é difícil identificar quem amigo e quem é ameaça.
Os perdedores
A mistura entre a realidade crua da paisagem abandonada e destruída dos Estados Unidos de “Guerra Civil” e ecos da Inglaterra dominada por zumbis de “Extermínio” (2002), cujo roteiro lançou a carreira cinematográfica de Garland, já justificaria a comparação de “Guerra Civil” com um terror.
Kirsten Dunst, Wagner Moura e Stephen McKinley Henderson em cena de ‘Guerra Civil’
Divulgação
Mas o que assusta de verdade no filme é sua aparente iminência – costurada com naturalidade pelo cineasta – em um mundo de fato dividido. O filme pode se passar nos EUA, mas é muito fácil imaginar sua história em qualquer parte do planeta.
A sutileza com que o britânico constroi sua mensagem, com raros diálogos expositivos que mesmo assim evitam a armadilha da pregação ideológica, forma um contraste gritante com o barulho ensurdecedor dos alucinantes tiros de fuzis.
Não há discurso grandioso de um vilão perto da vitória, nem mocinhos bondosos que lutam pela justiça acima de tudo. Em “Guerra Civil”, não há vencedores. Até entre os sobreviventes, no final, todos perderam.
Os vencedores
Bem, na história realmente não há vitoriosos. Mas é possível apontar alguns ganhadores do lado de cá.
Nick Offerman em cena de ‘Guerra Civil’
Divulgação
Além de Garland, que se recupera depois de uma estreia primorosa na direção em “Ex Machina” seguida por duas obras irregulares, o elenco com certeza deixa sua marca.
Dunst volta a brilhar como protagonista com uma atuação poderosa, contida por uma profunda falta de esperança que reflete o estado de espírito de um público a essa altura acostumado a – e exausto por – disputas ideológicas.
Spaeny (“Priscilla”) se firma como um dos grandes nomes em franca ascensão dentro de uma geração talentosa de Hollywood.
Cailee Spaeny e Wagner Moura em cena de ‘Guerra Civil’
Divulgação
E Moura, mais charmoso do que nunca, conquista em “Guerra Civil” finalmente a plataforma ideal para se apresentar para o grande público mundial, com um papel que fica longe das armadilhas reservadas a atores latinos.
Por fim, até mais do que o público, que sempre ganha ao receber um grande filme, ganha o cinema. Afinal, na era dos serviços de streaming, se tornam cada vez mais raras obras que exigem serem vistas na maior tela disponível.
“Guerra Civil” é uma delas – e exige ser vista na maior tela disponível.
Cailee Spaeny e Kirsten Dunst em cena de ‘Guerra Civil’
Divulgação

Fonte: G1 Entretenimento