Conheça Bibi, compositora que transformou feminejo fictício de ‘Rensga Hits!’ em álbum real

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Mineira de 26 anos é a principal autora das dez músicas originais da série do Globoplay. Ela decidiu ser compositora aos 5 anos e já escreveu para Anitta, Pabllo Vittar, Luisa Sonza e Wanessa. Compositora e cantora mineira Bibi
Divulgação
Na série “Rensga Hits!”, Alice Wegmann vive uma cantora e compositora que sonha em virar estrela do feminejo. A atriz teve aulas de canto e se inspirou em Marília Mendonça para resolver a parte vocal. O outro desafio era criar a faceta de autora.
Por trás de Raíssa Medeiros, a personagem compositora, está Bibi, a autora real. A mineira de 26 anos ajudou a escrever as dez músicas originais da série.
A série do Globoplay se passa em Goiânia, no mercado do feminejo (seis episódio já estão disponíveis; assista aqui). O podcast g1 ouviu conversou com Alice Wegmann e Bibi. Ouça abaixo e leia mais a seguir:
Alice Wegmann interpreta Raíssa Medeiros, uma jovem do interior traída pelo noivo. Ela abandona o altar e segue o sonho de virar compositora e cantora em Goiânia.
Raíssa tem a música “Desatola bandida”, feita após a fuga do altar, roubada por Gláucia Figueira (Lorena Comparato).
Os outros astros sertanejos da série – e do álbum – são Enzzo Gabriel (Maurício Destri), David Cafajeste (Alejandro Claveaoux), e a dupla mais famosa da cena: Téo e Tamires (Sidney Santiago e a Jennifer Dias).
Na série, as canções foram feitas pelos personagens sertanejos. Por isso, elas precisavam ter o jeito de cada um.
Bibi, a Raíssa da vida real
A cantora e compositora Bibi
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Bibi é o nome artístico de a cantora e compositora Gabriele Oliveira Felipe, mineira de 26 anos. Ela começou a carreira trabalhando por cinco anos no estúdio de Dudu Borges, consultor da série e namorado de Alice Wegmann.
A mineira já escreveu músicas para Anitta (“Desce Pro Play” e “Não Perco Meu Tempo”) Pabllo Vittar (“Number one”), Luisa Sonza (““Pior Que Possa Imaginar”), entre outros.
Ela conta que escolheu a profissão quando tinha cinco anos de idade. A menina adorava o filme “Show bar”, que conta a história de uma jovem que sonhava em viver de música em Nova York. A trilha do longa é escrita por Diane Warren, autora preferida de Bibi.
“Eu chamei meus pais e falei: ‘Eu já decidi que vou ser cantora quando eu crescer. E amo o Brasil, mas eu quero fazer coisas internacionais também. Papai, você tem dinheiro para eu estudar inglês?’”, ela conta.
A artista precoce nasceu em Santa Bárbara, no interior de Minas Gerais, mas vivia se mudando por conta do trabalho do pai no Banco do Brasil. Nas cidades em que morou – inclusive Goiânia – ela fazia planos de viver de música e forçava as amiguinhas a formar bandas com ela.
Quando começou a fazer faculdade de publicidade na ESPM, em São Paulo, a mãe viu um anúncio de um curso de Dudu Borges. Bibi se inscreveu e acabou trabalhando no estúdio dele por cinco anos.
Foi dali que ela despontou como uma das jovens compositoras mais requisitadas no pop brasileiro, com serviços para Anitta, Luisa Sonza e Pabllo Vittar.
Seu trabalho tende mais para o pop, ela sabe tudo de k-pop, mas nos cinco anos com Dudu, também ficou fluente em sertanejo.
Trabalho afinado
Os compositores tiveram que fazer um trabalho afinado com os roteiristas da série – Renata Corrêa, Bia Crespo, Nathalia Cruz, Victor Rodrigues e Otavio Chamorro.
“Se há fluidez na música é porque houve fluidez no texto”, elogia Bibi. O trabalho era imaginar como seriam as canções reais dos músicos fictícios.
“Depois de um mergulho no roteiro eu alinhei com o Dudu [Borges] e a gente montou um time de compositores para convidar”. Cada parceiro de Bibi era pensado para a característica dos personagens.
A trilha não tem só feminejo sofrência. Para as músicas mais de “pegação”, do personagem David Cafajeste, eles chamaram Gabriel Agra, autor de hits como “10%”, “Alô Ambev” e Bebi Liguei”.
Para as mais emotivas, uma das parceiras foi Paula Mattos, que já escreveu para muitos cantores homens antes de emplacar sua própria carreira no feminejo.
Uma tarefa específica foi escrever a faixa “Nota 100”, um sertanejo com dancinha que faz piada com a impotência sexual masculina. O toque de irreverência teve ajuda de Day, da dupla Day e Lara.
E a principal inspiração para as músicas da personagem principal, a compsitora Raíssa, foi a vida da própria Bibi.
“Eu lembrei muito da criança que fui em Goiânia. Eu tenho essa paixão pela música que me move, e vi isso na Raíssa. Ela está ali seguindo essa necessidade de escrever. Eu lia o roteiro e falava: ‘Cara, eu sei o que que é isso’”.
Vamos, galera, mulheres
Compositora e cantora mineira Bibi
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“Rensga Hits!”, o álbum, tem uma ficha técnica rara no sertanejo: uma maioria de compositoras mulheres. São quatro autoras (Bibi, Paula Mattos, Day e Lara) e três homens (Gabriel Agra, Cesar Lemos e Davi Ávila, da dupla com Bruninho).
Na vida real, até o repertório de cantoras do feminejo costuma ter maioria de compositores homens.
Essa equipe de maioria feminina na produção “ocorreu naturalmente, mas acho que colabora muito para para essa força feminina da série”, comemora Bibi.
“Há poucas mulheres escrevendo e produzindo, e isso não acontece só no sertanejo, mas em vários segmentos do país: pop, funk, MPB… Mais ou menos 17% dos compositores do Brasil são mulheres – entre os que são filiados a sociedades de arrecadação de direitos”, ela lamenta.
“Eu acho muito importante a gente ter essa esse balanço das energias do feminino e do masculino, sabe? E eu acho que muitas vezes ‘Rensga’ é sobre isso”, diz a compositora.

Fonte: G1 Entretenimento