EUA dizem que invasão pode ocorrer a qualquer momento, mas diplomacia segue possível; Especialista avalia que é ‘pouco provável’ uma invasão durante as competições. Presidente Vladimir Putin, da Rússia, assiste à abertura dos jogos olímpicos de inverno na China em foto de 4 de fevereiro de 2022
Sputnik/Aleksey Druzhinin/Kremlin
Com o crescente aumento da tensão na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, os olhos do mundo se voltam para a região enquanto países do Ocidente buscam saídas diplomáticas para a crise.
Os Estados Unidos acusam o governo russo de se preparar para invadir a Ucrânia “dentro de dias ou semanas”. A Rússia nega a intenção de invadir novamente o território.
Com mais de 100 mil soldados mobilizados na fronteira, a Rússia defende a liberdade de realizar exercícios militares dentro do seu país e pressiona por garantias de segurança.
A Rússia quer que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deixe de tentar ampliar sua influência para a Europa Ocidental e que jamais aceite a Ucrânia como membro da aliança militar.
Os americanos reforçaram a presença de suas tropas no continente e mobilizaram 3 mil soldados para a área, em países aliados. A Rússia acusa os EUA de aumentarem as tensões na Europa.
Mas uma invasão, iminente segundo os EUA, não deve ocorrer pelo menos até o fim do mês, segundo o professor de Relações Internacionais Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Relação entre Rússia e China
É pouco provável que uma invasão russa ocorra durante a Olimpíada de Inverno, diz Stuenkel
Stuenkel analisa ser improvável que uma invasão ocorra em meio aos Jogos Olímpicos de Inverno, sediados na China, por conta da parceria recém firmada entre a Rússia e o gigante asiático.
“Me parece que é pouco provável que uma invasão ocorra durante a Olimpíada”, diz o especialista em entrevista à Globonews. Veja no VÍDEO acima.
“A Rússia e a China têm uma parceria muito importante e o governo chinês deixou muito claro que não gostaria que um conflito dessa dimensão atrapalhasse a tentativa chinesa de se projetar como potência, capaz de organizar estes jogos neste momento”, diz o professor da FGV.
Os Jogos Olímpicos de Inverno, sediados em Pequim, ocorrem entre os dias 4 e 20 de fevereiro de 2022.
Na semana passada, o governo de Putin e do presidente chinês Xi Jinping anunciaram uma parceria “sem limites” e disseram que não vão tolerar qualquer interferência estrangeira em suas áreas de influência.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de reunião com o presidente da China, Xi Jinping, em 4 de fevereiro de 2022 em Pequim
Aleksey Druzhinin/Sputnik/Kremlin via Reuters
“A amizade entre os dois Estados não tem limites, não há áreas ‘proibidas’ de cooperação”, declararam China e Rússia em um comunicado conjunto após uma reunião bilateral.
“[A Rússia e a China] pretendem combater a interferência de forças externas nos assuntos internos de países soberanos sob qualquer pretexto”, diz o documento. “[Ambos] se opõem às ‘revoluções coloridas’ e aumentarão a cooperação nas áreas mencionadas”.
“Revoluções coloridas” é o termo usado para se referir às manifestações políticas de oposição nas ex-repúblicas soviéticas que aproximaram Geórgia, Ucrânia e Quirguistão dos EUA nos anos 2000.
A China acusa os Estados Unidos de colocarem lenha nos protestos de Hong Kong e apoiarem a independência de Taiwan. Putin acusa os americanos de desestabilizar a Ucrânia.
Putin viajou à China para a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno e se tornou o primeiro líder mundial a ser recebido para uma reunião bilateral por Xi Jinping desde o início da pandemia.
Vladimir Putin, da Rússia, assista à abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, em foto de 4 de fevereiro de 2022
Sputnik/Aleksey Druzhinin/Kremlin
O Russo é também o chefe de Estado mais importante a visitar as Olimpíadas de Inverno, com a debandada de líderes mundiais após os boicotes diplomáticos.
EUA, Austrália, Canadá não enviaram representantes para os jogos, apenas atletas para as competições por conta da forma com que a China trata a minoria uigur em seu território.
Nesta semana, a Índia anunciou boicote após um incidente militar na fronteira com a China.
Fonte: G1 Mundo