Postura tímida de Carlos França joga diplomacia brasileira em seu pior momento

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A atrasada resposta do Itamaraty aos ataques russos expôs uma enorme fragilidade do chanceler brasileiro, Carlos França.
O fator Bolsonaro e, em particular, a tímida atuação do ministro no episódio russo joga a diplomacia brasileira, uma das mais preparadas do mundo, em seu pior momento.
A avaliação é de diplomatas ouvidos pelo blog. Todos apontaram a “tibieza” do ministro nos acontecimentos recentes.
Primeiro porque demorou para se posicionar (veja aqui a nota). Segundo porque o posicionamento foi considerado ameno ao não condenar os ataques.
Claro que o Itamaraty não poderia implodir pontes com a Rússia, mas acabou ficando abaixo do tom.
“Até mesmo Viktor Orbán (líder de extrema direita da Hungria e aliado de Moscou) foi bem mais duro”, pontuou um colega do chanceler ao blog.
Ao assumir o Ministério das Relações Exteriores após a saída do radical Ernesto Araújo, a avaliação interna era a de que, embora não tivesse tanta experiência para assumir o cargo naquele momento, Carlos França devolveria a política externa brasileira ao seu curso normal.
E isso, de fato, aconteceu em diversos momentos. Primeiro porque França é conhecido pela sobriedade. Segundo, e talvez o mais importante, pelo fato de que nada seria pior do que o seu antecessor.
“SOLIDARIEDADE”
Antes de Bolsonaro embarcar para a Rússia, o chanceler telefonou ao seu homólogo ucraniano informar que o giro por Moscou seria apenas para tratar de comércio, segundo informação publicada pelo jornal O Globo na ocasião.
O diálogo por telefone tinha o objetivo de mostrar que a visita não era apoio.
Mas não foi bem assim o que aconteceu.
No pronunciamento entre o presidente brasileiro e Vladimir Putin, Bolsonaro sapecou um “solidariedade” — para o arrepio de diplomatas experientes e jovens. E isso, claro, desmoralizou o chanceler.
A versão interna de que Carlos França não sabia que o chefe soltaria a expressão até faz sentido. E isso, em si, conforme avaliação de integrantes do corpo diplomático, é mais uma mostra da sua condição de assessor, não de conselheiro de política externa.

Fonte: G1 Mundo