Briner de César Bitencourt: quem era o jovem inocentado que morreu no dia de ser solto

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Briner era entregador por aplicativo e fazia vídeos engraçados na rede social sobre o dia a dia como motoboy. Ele foi preso por tráfico de drogas e passou um ano tentando provar inocência. Um dia antes de morrer, ele foi inocentado, mas alvará de soltura chegou depois de sua morte. Briner de César Bitencourt postava vídeos de humor em rede social
Briner de César Bitencourt, de 22 anos, que morreu no dia em que seria liberado da cadeia em Palmas, trabalhava como entregador por aplicativo. O jovem foi preso por tráfico de drogas há um ano, tempo que passou tentando provar inocência. Ele foi inocentado e teve a liberdade determinada no dia em que morreu após complicações respiratórias.
O jovem trabalhava como motoboy e compartilhava a rotina nas redes sociais. Em uma das contas, tinha mais de 24 mil seguidores. Entre as publicações, mostrava situações cômicas, como a relação com os clientes nas entregas, e suas manobras de motocicleta. Há vídeos com um milhão de visualizações. (Assista acima)
O que se sabe sobre o caso de Briner de César Bitencourt
Por causa das redes, Briner era conhecido na capital. A última publicação em sua conta foi feita em outubro de 2021, no mesmo mês em que foi preso. O vídeo mostra Briner fazendo manobras em uma motocicleta pelas ruas de Palmas. Após a notícia da morte, amigos e colegas comentaram o post lamentando sua morte e pedindo justiça.
O pai do jovem, Eliel César Tinoco, conta que ele trabalha desde cedo.
“Ele era um menino bonito, cheio de vida, estudou nas melhores escolas, todo mundo gostava dele. Ele trabalhava, estava fichado e só saía [do emprego] duas horas da manhã. Começou a me ajudar bem cedo e ele era o único dos meus filhos que convivia comigo após a separação”, disse Eliel.
Briner de César Bitencourt tinha 23 anos
Arquivo pessoal
O pai conta ainda que Briner era estudioso e que planejava sair da prisão e fazer o curso de aviação em Goiás. “Já estava tudo organizado pra ele ir, mas não deu”.
Entenda o caso
Briner de César Bitencourt foi preso em outubro de 2021 durante uma operação da Polícia Militar (PM) em que foi encontrada uma estufa utilizada para o cultivo de maconha em Palmas. Ele não tinha passagens pela polícia e há um ano negava envolvimento com o crime.
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Próximo a data de seu julgamento, Briner começou a ter dores pelo corpo. Ele apresentou os sintomas 15 dias antes de morrer.
Segundo a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), responsável pelos presídios e detentos do Tocantins, o quadro de saúde piorou na noite de domingo (9) para segunda (10) e ele, que era tratado na própria unidade, teve de ser levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Taquaralto, no sul de Palmas.
Ele chegou em estado crítico, foi intubado, teve parada cardíaca e não resistiu. A morte foi confirmada por volta de 4h15 de segunda-feira.
Absolvido, mas não solto
A sentença que absolveu Briner saiu na última sexta-feira (7). A defesa do jovem disse que quando o juiz publicou a sentença com a inocência, não tinha mais ninguém para dar andamento e expedir o alvará de soltura.
A autorização para a soltura de Briner só chegou ao presídio dois dias depois da absolvição. O Tribunal de Justiça foi questionado sobre o atraso na liberação do alvará de soltura e por nota informou que o processo obedeceu ao trâmite normal, ‘sem qualquer evento capaz de macular ou atrasar o andamento do feito’. (Veja a íntegra da nota no fim da reportagem).
A família relata que passou um ano apoiando o jovem na luta por inocência e que não foi avisada do estado de saúde grave. No dia da absolvição, se preparavam para recebê-lo em casa e foram informados sobre a morte.
Familiares e amigos de Briner fizeram protesto nesta quarta-feira (12), no dia em que o corpo do jovem foi enterrado. Eles se reuniram na frente da funerária e, com balões brancos, fizeram um ato na frente da UPP, onde o jovem ficou preso por um ano. Eles cercaram uma viatura do sistema prisional e pediram justiça.
O que diz o Tribunal de Justiça
Acerca do caso envolvendo Briner de César Bitencourt, no que diz respeito exclusivamente ao processo criminal, o Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), através da 4ª Vara Criminal da Comarca de Palmas, informa que ele havia sido processado perante a justiça Estadual tocantinense porque haviam fortes indícios de participação na prática delitiva, motivos estes que justificaram sua prisão preventiva. Entretanto, a prova colhida em contraditório não foi suficiente para sua condenação.
Destaca também que o processo obedeceu ao trâmite normal, sem qualquer evento capaz de macular ou atrasar o andamento do feito, uma vez que havia pluralidade de réus patrocinados por advogados diferentes, o que denota a duplicação dos prazos para manifestarem-se nos autos.
Cabe reforçar que o trâmite do processo até a sentença que o absolveu ocorreu dentro das demandas da 4ª Vara Criminal de Palmas.
Importa ainda frisar que não houve ofensa ao princípio da razoabilidade que ocasionasse qualquer ilegalidade na manutenção da prisão cautelar do acusado.
O Tribunal reforça que a responsabilidade da custódia das pessoas presas não é do Poder Judiciário, mas do Executivo Estadual.
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Fonte: G1 Tocantins