Após um ano de expectativa, família descobre dois dias antes de viagem à Europa que agência não pagou as passagens: ‘situação constrangedora’

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Meriele Oliveira, o marido e dois filhos iriam viajar no dia 2 de outubro, mas receberam a notícia do problema com os bilhetes e não conseguiram embarcar. Dono da agência disse que não pagou a reserva e Polícia Civil apura o caso. Meriele Oliveira com as passagens sem validade e boletim de ocorrência
Divulgação
O mês de outubro tinha tudo para ser especial para a bióloga Meriele Oliveira. Além de ser seu aniversário, ela havia planejando desde o ano passado uma viagem para a Europa com a família. Eles começariam por Portugal e depois seguiriam para outros países. Mas tudo foi por ‘água abaixo’ depois de receber, às vésperas da viagem, a notícia de que as passagens estavam sem validade por causa de um erro da agência.
Segundo Meriele, ela comprou as passagens em novembro de 2021 com uma agência de viagens de Palmas para ela, o marido e dois filhos, de dois e quatro anos. Eles embarcariam para Portugal no dia 2 de outubro mas, na última sexta-feira (30), descobriu que os bilhetes não tinham validade. O preço do prejuízo: quase R$ 30 mil.
“Ele disse que comprou a passagem, mas ela tinha caído do sistema. Eu nunca nem ouvi dizer que quando você compra uma passagem, paga por ela e manda para seu cliente e a passagem cai do sistema. Ele não comprou e não pagou. Por isso não apareceu passagem”, reclamou a bióloga, informando que cobrava a agência sobre os bilhetes desde agosto.
Por telefone, o dono na da agência GM Turismo, Gleber Miler, disse ao g1 que não realizou o pagamento das passagens dentro do prazo e por isso elas foram canceladas. Disse ainda que fez um acordo para devolver parte do dinheiro das passagens para a cliente. Veja mais no fim da reportagem.
A pior parte, para a bióloga, é que além do prejuízo financeiro, houve a frustração de não conseguir viajar e decepcionar os amigos e parentes que a aguardavam na Europa.
“Tem um casamento que eu sou madrinha. A filha do meu esposo, que a gente ia visitar e ela iria viajar conosco tirou férias no serviço para passar o mês de outubro com a gente. Meu amigo que iria receber a gente em Londres tirou férias para ficar com a gente, e estamos nessa situação constrangedora”, contou.
Tentativa de acordo
Mariele conta que depois que descobriu que não poderia embarcar, o dono da agência tentou fazer um acordo e ofertou outro dia para que a família viajasse. Por medo de ficar sem a viagem planejada há tanto tempo, ela iria aceitar. Para comprar as passagens ainda neste mês, os valores chegavam a R$ 80 mil, segundo ela.
Mas na segunda-feira (3), como o valor não abaixou, o dono da agência disse que não conseguiria comprá-las. Ou seja, a viagem realmente não iria acontecer.
Conforme relatou Meriele, eles negociaram que a agência vai devolve cerca de R$ 23 mil. Foi pago o valor de R$ 5 mil nesta terça-feira (4) e o restante deve ser quitado até o dia 31 de outubro. Mas diante de tantos contratempos e frustrações, a bióloga disse que registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e que vai procurar seus direitos.
“Eu não tenho como confiar mais nele. Ele teve quase um ano para comprar as minhas passagens e não comprou. Então o que estou querendo não é somente o ressarcimento do meu dinheiro que paguei para ele. Eu tive muitas despesas, fiz compras, fiz procedimentos estéticos. Eu tive um gasto que foi superior ao valor que ele está querendo me devolver. Quero que ele pague o prejuízo que eu tive. Sem falar nos danos morais”, declarou.
Outra cliente com prejuízo
A médica Érika de Souza passou por frustração parecida com a de Meriele. Com a mesma agência, ela comprou e pagou por passagens para a Grécia em 2019, para viajar com o marido. Assim como no primeiro caso, ela também ficou sem as passagens, que não foram pagas pela GM Turismo, e sem a sonhada viagem.
“Faltando uma semana para o embarque, o Gleber me avisou que ele não tinha comprado as minhas passagens, que tinha gastado o dinheiro das passagens com outra coisa, e que eu não teria as passagens para embarcar”, contou.
Para não perder o valor gasto, comprou outras passagens de última hora e o valor ficou em R$ 21 mil. Após a viagem, que não foi a planejada, ela também registrou boletim de ocorrência e acionou o Procon. Também entrou na Justiça contra a agência.
“Fiz o acordo do jeito que ele propôs, que ele ia parcelar o meu prejuízo e ele não pagou nenhuma das parcelas. A sentença foi executada pelo juiz, mas infelizmente, é aquela história do ganhou e não levou. Eu não recebi porque ele disse que não tem como pagar”, lamentou.
Agência reconhece o erro
Gleber Miler Ferreira é o dono da agência. Ele contou que Meriele pediu para alterar a programação da viagem, já que teria um casamento para ir. Ele disse que fez as reservas com a mudança e que teria um prazo para efetuar o pagamento, mas que não conseguiu fazer a emissão dentro desse prazo.
“Quando foi para fazer a emissão eu não observei, porque tinha trocado a data do Rio a São Paulo e acrescentei mais uns dias, tinha um prazo que pode solicitar a emissão da passagem e eu fiquei tranquilo. Quando fui fazer o pagamento da reserva, ela caiu e não consegui fazer no mesmo valor”, disse.
Ele relatou também que passou para Meriele as passagens dentro da Europa e seguro de viagem. Depois disso, como o valor de ida e volta estava somando em torno de R$ 80 mil, ele a chamou para conversar por causa do erro. “Ela ficou irredutível, mas depois disse que tudo bem”.
Eles tentaram ver outra data e ela pediu que a viagem acontecesse até o dia 12 desse mês. Como não teve nenhuma redução nas tarifas, eles fizeram o acordo de pagamento citado por Meriele.
“Foi um erro meu. Reconheço que foi um erro e falei para ela isso, não coloquei nas costas de ninguém”, disse. Mas ele ressaltou que eles fizeram um acordo, para que os valores fossem devolvidos e a cliente não tivesse prejuízo.
“Foi feito um acordo. Ela pode depois me levar para Justiça, está no direito dela. Mas ela tem que levar em conta que foi feito um acordo. Se não tivesse sido feito, se eu não tivesse falado nada, tivesse me ausentado, sumido, tudo bem. Mas não foi assim”, explicou o dono da agência.
O g1 questionou o Procon sobre os direitos na hora de comprar esse tipo de serviço e como fazer reclamações, e aguarda retorno.
A Polícia Civil disse que está apurando se houve crime de estelionato ou se o caso se trata de um desacordo comercial. Os envolvidos foram notificados a prestar declarações sobre o ocorrido.
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Fonte: G1 Tocantins