Em grupos de aplicativos, alemães contrários a medidas de restrição fizeram ameaças a políticos. A polícia fez uma operação contra esses grupos. Michael Kretschmer, político da região alemã da Saxônia que foi ameaçado por pessoas contrárias às políticas de restrição para conter a Covid
Ina Fassbender / AFP
Pelo menos 12 cartas com ameaças que ainda tinham pedaços de carne nos envelopes foram enviadas a políticos, veículos de imprensa e instituições públicas como protestos contra as políticas de restrições para conter a disseminação do coronavírus, segundo informação desta quarta-feira (15) da rede RBB Info, de Berlim.
As ameaças falavam em uma “resistência sangrenta”.
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Ameaças na Saxônia
O ministro-presidente da região da Saxônia, Michael Kretschmer, recebeu ameaças de morte de pessoas contrárias às políticas de combate ao coronavírus. A polícia fez uma operação na cidade de Dresden nesta quarta-feira. Não está claro se foram feitas prisões.
O ministro-presidente da Saxônia pertence ao partido conservador CDU, e é favorável à vacinação.
Em nota, a polícia afirmou que “as declarações de alguns membros do grupo sugerem que eles poderiam estar de posse de armas”.
As autoridades suspeitam da “preparação de atos violentos que ameaçam o Estado”, disse a polícia em uma rede social.
A Alemanha tem um forte movimento de oposição às restrições desde o início da pandemia. O movimento está particularmente presente na Saxônia, região que integrava a ex-Alemanha Oriental.
A Saxônia é uma das áreas mais afetadas pela atual onda de contágios de Covid-19, e lá a taxa de vacinação é inferior à média nacional.
Denúncia veiculada na imprensa
A operação policial foi consequência de uma reportagem do canal público ZDF. Os jornalistas do canal se infiltraram em um grupo do aplicativo de mensagens criptografadas Telegram. Nesse grupo, foram feitas ameaças de morte contra Michael Kretschmer.
No dia 8 de dezembro, a Justiça alemã abriu uma investigação após a exibição de uma reportagem na televisão que revelou o conteúdo das mensagens deste grupo do Telegram com uma centena de membros, “unidos por sua oposição à vacina, ao Estado e à política de saúde atual”, afirmou o Ministério Público.
As mensagens de áudio defendiam a oposição, “com armas se necessário”, às medidas em vigor, e citavam os líderes políticos, em particular Kretschmer.
No início do mês, os opositores às restrições anticovid protestaram diante da casa do ministro da Saúde da Saxônia, o que provocou a indignação dos políticos.
Diante do avanço da quarta onda da pandemia, o governo alemão decidiu reforçar as restrições para as pessoas não vacinada, que agora estão sem acesso à maioria dos locais públicos, restaurantes e estabelecimentos comerciais não essenciais.
O número de opositores às medidas sanitárias que estariam dispostos a recorrer à violência na Alemanha seria de 15 mil a 20 mil, afirmou em uma entrevista ao jornal “Bild” o especialista do Partido Social-Democrata para questões de segurança, Sebastian Fiedler.
Discurso do chanceler
O novo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou nesta quarta-feira que o país se defenderá contra uma “minoria de extremistas” antivacinas.
O chanceler Scholz, que assumiu o cargo na semana passada, afirmou que a Alemanha “não permitirá que uma pequena minoria de extremistas tente impor sua vontade ao conjunto da sociedade”.
“O que existe atualmente na Alemanha é a negação da realidade, as histórias de conspiração absurdas, a desinformação deliberada e o extremismo violento”, disse o chefe de governo diante do Parlamento.
“Sejamos claros: uma pequena minoria em nosso país se afastou de nossa sociedade, de nossa democracia, de nossa comunidade e de nosso Estado, e não apenas da ciência, da racionalidade e da razão”, disse no Parlamento o social-democrata Scholz , que sucedeu na semana passada a conservadora Angela Merkel como chefe de Governo.
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Fonte: G1 Mundo